http://www.sosma.org.br/16760/brasil-precisa-de-regras-para-artesanato-com-especies-nativasO Brasil é um país extremamente rico em expressões artesanais e a
diversidade etnocultural e as inúmeras comunidades tradicionais – de
indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas, entre outras – permite o
desenvolvimento de um artesanato primoroso em todo o país.
No entanto, a falta de regras para o aproveitamento de recursos
naturais na produção do artesanato muitas vezes tem contribuído para a
exploração predatória de remanescentes de vegetação nativa em várias
regiões pela extração desregrada e insustentável de madeiras, fibras,
sementes e outros tipos de matéria-prima. O resultado é a degradação de
áreas naturais, de parques nacionais e de outras unidades de conservação
no Brasil.
Um dos casos mais graves é registrado entre Porto Seguro, Prado e
Itamaraju, no extremo sul da Bahia, região famosa não apenas por ser o
local do “descobrimento do Brasil”, mas também por abrigar um dos
maiores remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste*.
Essa região abastece um tráfico de mais de 30 mil metros cúbicos
anuais de madeiras raras da Mata Atlântica. O material é amplamente
usado em pratos, tigelas, tábuas de carne, talheres, gamelas, pilões,
enfeites ou potes de mel, todos vendidos abertamente em rodovias, feiras
populares e lojas nos centros urbanos.
O tráfico se concentra nas porções preservadas das florestas e abre
novas frentes de devastação pela busca de árvores de grande porte,
muitas ameaçadas de extinção. Jacarandá, pau-brasil, parajú, arruda,
mussutaiba, arapati e outras espécies têm sido livremente abatidas e
transformadas em utensílios domésticos e adornos. Visitantes e turistas
geralmente adquirem esses produtos sem consciência do caráter ilegal e
destrutivo.
Em vez de ajudar na geração de renda das comunidades, está
contribuindo para a exploração predatória e fabricação mecanizada de
artefatos, pois não se trata de artesanato, mas de uma indústria que
envolve extração ilegal dentro e fora de áreas protegidas e centenas de
fábricas clandestinas espalhadas, geralmente, pelos quintais de
periferias pobres.
No extremo sul da Bahia, indígenas são responsáveis por menos de 12%
da produção, apesar de seu nome ser amplamente usado para driblar a
fiscalização. Além de impactos ambientais, o “industrianato” gera
subemprego, sem proteção física ou legal. Um objeto vendido a R$ 40 em
São Paulo geralmente é comprado por R$ 1 do produtor.
As árvores nativas, por exemplo, deveriam ser mantidas e poderiam
produzir sementes para plantios comerciais, com fantástico potencial
econômico, ou serem manejadas sob regras que garantam sua manutenção.
Enquanto isso, é possível produzir itens de excelente beleza e qualidade
com espécies exóticas, desde que seu cultivo não leve à degradação da
vegetação nativa ou pressione o dia a dia de populações tradicionais.
Por isso, SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Grupo Ambientalista da
Bahia (Gambá) e Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA)
participaram da 24ª Feira Nacional de Artesanato (Belo Horizonte/MG)
defendendo que Governo Federal e Congresso Nacional unam esforços com a
sociedade civil para a definição célere, clara e democrática de
legislação e regras para garantir a sustentabilidade socioambiental e
econômica do desenvolvimento do artesanato nacional com matérias-primas
nativas.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Apelo da Mata Atlântica à turista, promotores do turismo em geral. Alô, você também, Ministério do Turismo e Embratur !
Confira o texto original na circular da SOS MA de número 455, publicada em 10/12/2013. Endosse o "Não ao desmatamento para fins turísticos".
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