terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ainda em clima grevista

Este blog sofreu os efeitos da paralisação de 46 Instituições Federais de Ensino Superior pelo país, por coisa de 3 meses, mas corrobora o espírito de que greve também é trabalho.

A informação a seguir foi passada por João Westin Júnior, turismólogo pela UD Unesp Rosana.

Ocupação e luta dos trabalhadores
do Hotel Bauen (Argentina)

Durante décadas, o povo e os trabalhadores argentinos sofreram com as políticas pró-imperialistas da Ditadura Militar e dos governos que a sucederam. Políticas de privatização e de abertura comercial e financeira desenfreada, que explodiu numa forte crise econômica em 2001.
Na tentativa de dar um basta a essa situação de desemprego em massa e de piora nos níveis de vida, os trabalhadores da Argentina se revoltam, derrubam presidentes e passam a tomar empresas falidas ou fechadas pelos patrões. Atualmente, cerca de 180 empresas estão sob controle operário e contam com mais de 10 mil trabalhadores na base.
Foi o que aconteceu também com o tradicional Hotel Bauen, da capital Buenos Aires. Em 1978, o empresário Marcelo Iurcovich tomou emprestado de um banco público, 80% do dinheiro que precisava para construir o prédio. Na época, a Ditadura fomentava esses negócios na ânsia de sediar a Copa do Mundo de futebol.
O empresário nunca pagou pelo crédito e enfrentava uma ação na justiça avaliada em 37 milhões, mas conseguiu se safar depois de pagar apenas 7 milhões. Em 1997 vendeu o hotel para o grupo chileno Solari SA. O grupo também acumulou dívidas por não pagar impostos e, em 2001, a justiça decretou a falência da Solari, que emitiu um documento falso quitando o imóvel junto ao antigo dono. Iurcovich recorreu, pedindo à justiça a posse do edifício. A justiça aceitou o pedido, desde que o empresário pagasse 4 milhões (de uma dívida de 12 milhões), devido à quebra da empresa. Porém, o empresário deu outro calote.

A luta é pela expropriação
Em meio à indefinição jurídica, os trabalhadores tomaram a iniciativa de tocar o hotel por conta própria. Em março de 2003, cerca de 30 trabalhadores invadem o estacionamento, derrubam uma porta e se instalam no hotel. Inicialmente com 50 pessoas, mas agora, com 110 profissionais, o Hotel Bauen foi recuperado pelos trabalhadores, que fizeram algumas melhorias e colocaram o estabelecimento para funcionar de novo, com opções de quartos, cafeterias, livrarias, salas culturais e de conferências.
Após quase 4 anos de ocupação, há muita luta pela frente, ainda mais depois que a Câmara de Parlamentares de Buenos Aires votou contra uma lei apresentada pelos trabalhadores que pedia a expropriação do Hotel e mandou reprimir a manifestação com violência.
Durante esses anos, os trabalhadores também sofreram ameaças de desapropriação e fechamento da empresa e contaram com o apoio do movimento das fábricas ocupadas da Argentina e com a solidariedade internacional.
Presentes no Encontro Pan Americano, os argentinos do Hotel Bauen afirmam que "é importante conseguir a integração dos trabalhadores no âmbito das empresas recuperadas, porque além de produzir e defender nossos postos de trabalho, temos o compromisso de levar a luta adiante", segundo Marcelo Ruarte, presidente da cooperativa de trabalho.
Já Pablo de Mari, explica aonde pretendem chegar: "queremos a expropriação definitiva das empresas em benefício de nossa cooperativa de trabalho, mas não descartamos a nacionalização, se isso for bom para os trabalhadores" .


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