quinta-feira, 18 de setembro de 2014

When collection meets music/muse~ ology and transportation meets tourism that meets ´em´ all

Deu no Neuiorquetaimis... pode falar, é coisa de doido... o próprio Zero Freitas admite que faz 40 anos de terapia pra se entender... enquanto isso, não para de catalogar com uma dúzia de empregados, seu bem bem longe de modesto acervo que pensa conseguir organizar em uns 20 anos... isso se não parar de comprar discos, por todo mundo, com ajuda de uma vida empresarial bem sucedida no ramo busoviário e uma meia dúzia de outros contatos  que trabalham para ele no exterior, só pra arrematar conteiners de vinis que rumam para endereço certo na capital paulista: a futura Emporium Music.
Allan Bastos, um desses compradores recrutados por Zero foi quem de uma forma ou de outra acabou dando um empurrãozinho nessa decisão de transformar o caos vinílico privado em um algo ainda porvir, que deverá ser tal Empório, inspirado nos moldes do que um outro colecionador, Bob George, que além de organizador do Brazilian World Music Day, concebeu com o Archive of Contemporary Music.

Algo que é bonito nesta estória toda , é que existe todo um lado museológico a se explorar e todo um patrimônio artístico e cultural inestimável que está preservado e poderá ser resgatado e partilhado com a humanidade

Bastos was warning of a future in which some music might disappear unnoticed. Most of the American and British records Freitas has collected have already been digitally preserved. But in countries like Brazil, Cuba and Nigeria, Bastos estimated, up to 80 percent of recorded music from the mid-20th century has never been transferred. In many places, he said, vinyl is it, and it’s increasingly hard to find. Freitas slumped, then covered his face with his hands and emitted a low, rumbling groan. “It’s very important to save this,” he said. “Very important.”
E, enfim, cheque detalhes dessa estória, no link acima, na íntegra e no original, na revista do New York Times, em artigo de Monte Reel, entitulado

The Brazilian Bus Magnate Who’s Buying Up All the World’s Vinyl Records







To help him locate records in his personal collection, Freitas uses objects like “Star Wars” cards (Disney LPs) and a Heineken bottle (soccer LPs). Credit Sebastián Liste/Noor, for The New York Times

“What’s the good of having it,” George remembers telling Freitas, “if you can’t do something with it or share it?”

That´s what Tourism is All about.

 


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Mais sobre nossos parques nacionais

Vai ano, vem seguinte e entra ou sai ou volta governos... e a história continua... a mesma...

Aqui, mais um pouco desta, pela atual diretora executiva da Fundação S.O.S. Mata Atlântica, Marcia Hirota, copiada a seguir e que pode ser lida reproduzido do que originalmente publicado pela Valor, neste link 
Ou através do site da Envolverde nesta página.

Com 3.953 hectares de área, o Parque protege fragmentos do bioma Mata Atlântica essenciais para a cidade, sendo responsável pela oferta de diversos serviços ambientais, como a manutenção do manancial hídrico, controle da erosão e redução da poluição atmosférica, além de manter a rica biodiversidade local. Ao mesmo tempo, é um polo de turismo sustentável e uma importante área de lazer.
 O exemplo do Parque Nacional da Tijuca é ainda um ponto fora da curva na realidade dos parques brasileiros. Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura mínima. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram quase R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitas ocorreram somente nos Parques Nacionais da Tijuca e do Iguaçu (PR), sendo este segundo um exemplo emblemático da desvalorização dos nossos parques.
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, é o segundo mais visitado do Brasil e está gravemente ameaçado por um Projeto de Lei (N.º 7.123) em tramitação no Congresso Nacional que busca alterar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para permitir a reabertura de uma antiga estrada que cortava o Parque, fechada em 2003 por decisão judicial. Há ainda os impactos de uma hidroelétrica nos limites desse parque.
Estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon, apresentado em abril na publicação científica Conservation Biology, indica que nas últimas três décadas o Brasil perdeu 5,2 milhões de hectares de florestas nativas que eram protegidas por Lei, área equivalente ao território da Costa Rica.
Com isso, além da perda de patrimônio público, o país desperdiça oportunidades de ativar a economia nacional, fomentar iniciativas para promover o desenvolvimento regional por meio de atividades sustentáveis ou ligadas ao turismo que poderiam gerar mais trabalho e melhorar a distribuição de renda, contribuindo para a inclusão social.
Um ótimo exemplo desse potencial é o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudeste do Estado do Piauí e que recebe turistas de todo o mundo interessados em conhecer sítios arqueológicos que preservam centenas de pinturas rupestres. Quem visita o Parque descobre também uma das melhores infraestruturas do país, fruto do trabalho de quatro décadas da pesquisadora e arqueóloga Niéde Guidon. São mais de 400 km de estradas internas com drenagem, pavimentação nos trechos mais complicados, centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação com passarelas e rampas de acesso, iluminação, sinalização bilíngue e coletores de lixo, entre outros.
O trabalho da doutora Niéde e sua equipe da Fundação Museu do Homem Americano tem revolucionado as teorias de ocupação das Américas, conquistando prêmios e reconhecimento internacionais. Impressionante também o impacto na realidade das comunidades do entorno do parque: escolas de tempo integral foram construídas para atender às crianças da região, incluindo alimentação e tratamento dentário. Técnicas de apicultura e produção de cerâmica foram repassadas aos jovens. As mulheres, que antes dependiam dos maridos, passaram a ocupar vagas nas mais diversas atividades oferecidas pelo Parque.
Na cidade de São Raimundo Nonato, com cerca de 35 mil habitantes, foi construído o “Museu do Homem Americano”, comparável aos melhores do mundo nessa área, o Centro Cultural Sérgio Motta, que conta com laboratórios onde pesquisadores de diversas partes do mundo e moradores locais trabalham e um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, com o primeiro curso público de graduação em arqueologia do Brasil. A notícia ruim é que todas essas conquistas estão hoje ameaçadas pela falta de investimentos públicos, necessários para manter a estrutura implantada.  Um hotel 6 estrelas, nos moldes do que existe na África do Sul, já teve também seu projeto aprovado, mas ainda não saiu do papel pela falta de conclusão de um aeroporto, em obras há mais de 10 anos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo,  o turismo de natureza é o segmento que mais cresce no mundo, entre 15% e 25% no ano. No entanto, o Brasil, potência ambiental com beleza paisagística incrível, pouco aproveita.
Recente pesquisa do Instituto Semeia avaliou o potencial econômico das Unidades de Conservação brasileiras e constatou que o uso turístico dessas áreas poderia gerar uma receita de até R$ 168 bilhões em dez anos. Comparar essa receita com o PIB nacional (R$ 5,2 trilhões) pode, à primeira vista, sugerir que o potencial é pequeno. Trata-se contudo de uma conclusão equivocada. Nos EUA, por exemplo, 70% da visitação está concentrada em 20% dos parques preferidos pelo público. Supondo que no caso brasileiro 70% da receita adicional potencial desses 168 bilhões também seja concentrada no primeiro quintil das regiões ordenadas pelo turismo, o impacto médio sobre o PIB desses locais é bastante expressivo, da ordem de 3,5%.
Os Parques Nacionais realmente estão abandonados num contexto de uma agenda de país. O Brasil precisa reconhecer as Unidades de Conservação como o seu maior ativo e priorizar novos mecanismos e recursos aos patrimônios existentes para que o País também se fortaleça como destino turístico. Hoje, nem os brasileiros nem visitantes estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas.
- See more at: http://www.sosma.org.br/90197/chances-inexploradas-nos-parques-brasileiros/#sthash.F45OMS2n.dpuf
O Cristo Redentor é uma das sete maravilhas do mundo moderno, um símbolo do Brasil no exterior e a atração turística mais conhecida do Rio de Janeiro. Do alto da Floresta da Tijuca, o que pouca gente sabe é que o Corcovado, onde fica o Cristo, está dentro de uma Unidade de Conservação (UC), o Parque Nacional da Tijuca, referência do potencial turístico dos Parques Nacionais do País, com mais de 2 milhões de visitas por ano.
Com 3.953 hectares de área, o Parque protege fragmentos do bioma Mata Atlântica essenciais para a cidade, sendo responsável pela oferta de diversos serviços ambientais, como a manutenção do manancial hídrico, controle da erosão e redução da poluição atmosférica, além de manter a rica biodiversidade local. Ao mesmo tempo, é um polo de turismo sustentável e uma importante área de lazer.
O exemplo do Parque Nacional da Tijuca é ainda um ponto fora da curva na realidade dos parques brasileiros. Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura mínima. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram quase R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitas ocorreram somente nos Parques Nacionais da Tijuca e do Iguaçu (PR), sendo este segundo um exemplo emblemático da desvalorização dos nossos parques.
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, é o segundo mais visitado do Brasil e está gravemente ameaçado por um Projeto de Lei (N.º 7.123) em tramitação no Congresso Nacional que busca alterar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para permitir a reabertura de uma antiga estrada que cortava o Parque, fechada em 2003 por decisão judicial. Há ainda os impactos de uma hidroelétrica nos limites desse parque.
Estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon, apresentado em abril na publicação científica Conservation Biology, indica que nas últimas três décadas o Brasil perdeu 5,2 milhões de hectares de florestas nativas que eram protegidas por Lei, área equivalente ao território da Costa Rica.
Com isso, além da perda de patrimônio público, o país desperdiça oportunidades de ativar a economia nacional, fomentar iniciativas para promover o desenvolvimento regional por meio de atividades sustentáveis ou ligadas ao turismo que poderiam gerar mais trabalho e melhorar a distribuição de renda, contribuindo para a inclusão social.

Um ótimo exemplo desse potencial é o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudeste do Estado do Piauí e que recebe turistas de todo o mundo interessados em conhecer sítios arqueológicos que preservam centenas de pinturas rupestres. Quem visita o Parque descobre também uma das melhores infraestruturas do país, fruto do trabalho de quatro décadas da pesquisadora e arqueóloga Niéde Guidon. São mais de 400 km de estradas internas com drenagem, pavimentação nos trechos mais complicados, centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação com passarelas e rampas de acesso, iluminação, sinalização bilíngue e coletores de lixo, entre outros.
O trabalho da doutora Niéde e sua equipe da Fundação Museu do Homem Americano tem revolucionado as teorias de ocupação das Américas, conquistando prêmios e reconhecimento internacionais. Impressionante também o impacto na realidade das comunidades do entorno do parque: escolas de tempo integral foram construídas para atender às crianças da região, incluindo alimentação e tratamento dentário. Técnicas de apicultura e produção de cerâmica foram repassadas aos jovens. As mulheres, que antes dependiam dos maridos, passaram a ocupar vagas nas mais diversas atividades oferecidas pelo Parque.
Na cidade de São Raimundo Nonato, com cerca de 35 mil habitantes, foi construído o “Museu do Homem Americano”, comparável aos melhores do mundo nessa área, o Centro Cultural Sérgio Motta, que conta com laboratórios onde pesquisadores de diversas partes do mundo e moradores locais trabalham e um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, com o primeiro curso público de graduação em arqueologia do Brasil. A notícia ruim é que todas essas conquistas estão hoje ameaçadas pela falta de investimentos públicos, necessários para manter a estrutura implantada. Um hotel 6 estrelas, nos moldes do que existe na África do Sul, já teve também seu projeto aprovado, mas ainda não saiu do papel pela falta de conclusão de um aeroporto, em obras há mais de 10 anos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo, o turismo de natureza é o segmento que mais cresce no mundo, entre 15% e 25% no ano. No entanto, o Brasil, potência ambiental com beleza paisagística incrível, pouco aproveita.
Recente pesquisa do Instituto Semeia avaliou o potencial econômico das Unidades de Conservação brasileiras e constatou que o uso turístico dessas áreas poderia gerar uma receita de até R$ 168 bilhões em dez anos. Comparar essa receita com o PIB nacional (R$ 5,2 trilhões) pode, à primeira vista, sugerir que o potencial é pequeno.
Trata-se contudo de uma conclusão equivocada. Nos EUA, por exemplo, 70% da visitação está concentrada em 20% dos parques preferidos pelo público. Supondo que no caso brasileiro 70% da receita adicional potencial desses 168 bilhões também seja concentrada no primeiro quintil das regiões ordenadas pelo turismo, o impacto médio sobre o PIB desses locais é bastante expressivo, da ordem de 3,5%.

Os Parques Nacionais realmente estão abandonados num contexto de uma agenda de país. O Brasil precisa reconhecer as Unidades de Conservação como o seu maior ativo e priorizar novos mecanismos e recursos aos patrimônios existentes para que o País também se fortaleça como destino turístico. Hoje, nem os brasileiros nem visitantes estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas.
O Cristo Redentor é uma das sete maravilhas do mundo moderno, um símbolo do Brasil no exterior e a atração turística mais conhecida do Rio de Janeiro. Do alto da Floresta da Tijuca, o que pouca gente sabe é que o Corcovado, onde fica o Cristo, está dentro de uma Unidade de Conservação (UC), o Parque Nacional da Tijuca, referência do potencial turístico dos Parques Nacionais do País, com mais de 2 milhões de visitas por ano.
Com 3.953 hectares de área, o Parque protege fragmentos do bioma Mata Atlântica essenciais para a cidade, sendo responsável pela oferta de diversos serviços ambientais, como a manutenção do manancial hídrico, controle da erosão e redução da poluição atmosférica, além de manter a rica biodiversidade local. Ao mesmo tempo, é um polo de turismo sustentável e uma importante área de lazer.
 O exemplo do Parque Nacional da Tijuca é ainda um ponto fora da curva na realidade dos parques brasileiros. Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura mínima. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram quase R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitas ocorreram somente nos Parques Nacionais da Tijuca e do Iguaçu (PR), sendo este segundo um exemplo emblemático da desvalorização dos nossos parques.
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, é o segundo mais visitado do Brasil e está gravemente ameaçado por um Projeto de Lei (N.º 7.123) em tramitação no Congresso Nacional que busca alterar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para permitir a reabertura de uma antiga estrada que cortava o Parque, fechada em 2003 por decisão judicial. Há ainda os impactos de uma hidroelétrica nos limites desse parque.
Estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon, apresentado em abril na publicação científica Conservation Biology, indica que nas últimas três décadas o Brasil perdeu 5,2 milhões de hectares de florestas nativas que eram protegidas por Lei, área equivalente ao território da Costa Rica.
Com isso, além da perda de patrimônio público, o país desperdiça oportunidades de ativar a economia nacional, fomentar iniciativas para promover o desenvolvimento regional por meio de atividades sustentáveis ou ligadas ao turismo que poderiam gerar mais trabalho e melhorar a distribuição de renda, contribuindo para a inclusão social.
Um ótimo exemplo desse potencial é o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudeste do Estado do Piauí e que recebe turistas de todo o mundo interessados em conhecer sítios arqueológicos que preservam centenas de pinturas rupestres. Quem visita o Parque descobre também uma das melhores infraestruturas do país, fruto do trabalho de quatro décadas da pesquisadora e arqueóloga Niéde Guidon. São mais de 400 km de estradas internas com drenagem, pavimentação nos trechos mais complicados, centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação com passarelas e rampas de acesso, iluminação, sinalização bilíngue e coletores de lixo, entre outros.
O trabalho da doutora Niéde e sua equipe da Fundação Museu do Homem Americano tem revolucionado as teorias de ocupação das Américas, conquistando prêmios e reconhecimento internacionais. Impressionante também o impacto na realidade das comunidades do entorno do parque: escolas de tempo integral foram construídas para atender às crianças da região, incluindo alimentação e tratamento dentário. Técnicas de apicultura e produção de cerâmica foram repassadas aos jovens. As mulheres, que antes dependiam dos maridos, passaram a ocupar vagas nas mais diversas atividades oferecidas pelo Parque.
Na cidade de São Raimundo Nonato, com cerca de 35 mil habitantes, foi construído o “Museu do Homem Americano”, comparável aos melhores do mundo nessa área, o Centro Cultural Sérgio Motta, que conta com laboratórios onde pesquisadores de diversas partes do mundo e moradores locais trabalham e um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, com o primeiro curso público de graduação em arqueologia do Brasil. A notícia ruim é que todas essas conquistas estão hoje ameaçadas pela falta de investimentos públicos, necessários para manter a estrutura implantada.  Um hotel 6 estrelas, nos moldes do que existe na África do Sul, já teve também seu projeto aprovado, mas ainda não saiu do papel pela falta de conclusão de um aeroporto, em obras há mais de 10 anos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo,  o turismo de natureza é o segmento que mais cresce no mundo, entre 15% e 25% no ano. No entanto, o Brasil, potência ambiental com beleza paisagística incrível, pouco aproveita.
Recente pesquisa do Instituto Semeia avaliou o potencial econômico das Unidades de Conservação brasileiras e constatou que o uso turístico dessas áreas poderia gerar uma receita de até R$ 168 bilhões em dez anos. Comparar essa receita com o PIB nacional (R$ 5,2 trilhões) pode, à primeira vista, sugerir que o potencial é pequeno. Trata-se contudo de uma conclusão equivocada. Nos EUA, por exemplo, 70% da visitação está concentrada em 20% dos parques preferidos pelo público. Supondo que no caso brasileiro 70% da receita adicional potencial desses 168 bilhões também seja concentrada no primeiro quintil das regiões ordenadas pelo turismo, o impacto médio sobre o PIB desses locais é bastante expressivo, da ordem de 3,5%.
Os Parques Nacionais realmente estão abandonados num contexto de uma agenda de país. O Brasil precisa reconhecer as Unidades de Conservação como o seu maior ativo e priorizar novos mecanismos e recursos aos patrimônios existentes para que o País também se fortaleça como destino turístico. Hoje, nem os brasileiros nem visitantes estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas.
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O Cristo Redentor é uma das sete maravilhas do mundo moderno, um símbolo do Brasil no exterior e a atração turística mais conhecida do Rio de Janeiro. Do alto da Floresta da Tijuca, o que pouca gente sabe é que o Corcovado, onde fica o Cristo, está dentro de uma Unidade de Conservação (UC), o Parque Nacional da Tijuca, referência do potencial turístico dos Parques Nacionais do País, com mais de 2 milhões de visitas por ano.
Com 3.953 hectares de área, o Parque protege fragmentos do bioma Mata Atlântica essenciais para a cidade, sendo responsável pela oferta de diversos serviços ambientais, como a manutenção do manancial hídrico, controle da erosão e redução da poluição atmosférica, além de manter a rica biodiversidade local. Ao mesmo tempo, é um polo de turismo sustentável e uma importante área de lazer.
 O exemplo do Parque Nacional da Tijuca é ainda um ponto fora da curva na realidade dos parques brasileiros. Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura mínima. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram quase R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitas ocorreram somente nos Parques Nacionais da Tijuca e do Iguaçu (PR), sendo este segundo um exemplo emblemático da desvalorização dos nossos parques.
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, é o segundo mais visitado do Brasil e está gravemente ameaçado por um Projeto de Lei (N.º 7.123) em tramitação no Congresso Nacional que busca alterar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para permitir a reabertura de uma antiga estrada que cortava o Parque, fechada em 2003 por decisão judicial. Há ainda os impactos de uma hidroelétrica nos limites desse parque.
Estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon, apresentado em abril na publicação científica Conservation Biology, indica que nas últimas três décadas o Brasil perdeu 5,2 milhões de hectares de florestas nativas que eram protegidas por Lei, área equivalente ao território da Costa Rica.
Com isso, além da perda de patrimônio público, o país desperdiça oportunidades de ativar a economia nacional, fomentar iniciativas para promover o desenvolvimento regional por meio de atividades sustentáveis ou ligadas ao turismo que poderiam gerar mais trabalho e melhorar a distribuição de renda, contribuindo para a inclusão social.
Um ótimo exemplo desse potencial é o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudeste do Estado do Piauí e que recebe turistas de todo o mundo interessados em conhecer sítios arqueológicos que preservam centenas de pinturas rupestres. Quem visita o Parque descobre também uma das melhores infraestruturas do país, fruto do trabalho de quatro décadas da pesquisadora e arqueóloga Niéde Guidon. São mais de 400 km de estradas internas com drenagem, pavimentação nos trechos mais complicados, centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação com passarelas e rampas de acesso, iluminação, sinalização bilíngue e coletores de lixo, entre outros.
O trabalho da doutora Niéde e sua equipe da Fundação Museu do Homem Americano tem revolucionado as teorias de ocupação das Américas, conquistando prêmios e reconhecimento internacionais. Impressionante também o impacto na realidade das comunidades do entorno do parque: escolas de tempo integral foram construídas para atender às crianças da região, incluindo alimentação e tratamento dentário. Técnicas de apicultura e produção de cerâmica foram repassadas aos jovens. As mulheres, que antes dependiam dos maridos, passaram a ocupar vagas nas mais diversas atividades oferecidas pelo Parque.
Na cidade de São Raimundo Nonato, com cerca de 35 mil habitantes, foi construído o “Museu do Homem Americano”, comparável aos melhores do mundo nessa área, o Centro Cultural Sérgio Motta, que conta com laboratórios onde pesquisadores de diversas partes do mundo e moradores locais trabalham e um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, com o primeiro curso público de graduação em arqueologia do Brasil. A notícia ruim é que todas essas conquistas estão hoje ameaçadas pela falta de investimentos públicos, necessários para manter a estrutura implantada.  Um hotel 6 estrelas, nos moldes do que existe na África do Sul, já teve também seu projeto aprovado, mas ainda não saiu do papel pela falta de conclusão de um aeroporto, em obras há mais de 10 anos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo,  o turismo de natureza é o segmento que mais cresce no mundo, entre 15% e 25% no ano. No entanto, o Brasil, potência ambiental com beleza paisagística incrível, pouco aproveita.
Recente pesquisa do Instituto Semeia avaliou o potencial econômico das Unidades de Conservação brasileiras e constatou que o uso turístico dessas áreas poderia gerar uma receita de até R$ 168 bilhões em dez anos. Comparar essa receita com o PIB nacional (R$ 5,2 trilhões) pode, à primeira vista, sugerir que o potencial é pequeno. Trata-se contudo de uma conclusão equivocada. Nos EUA, por exemplo, 70% da visitação está concentrada em 20% dos parques preferidos pelo público. Supondo que no caso brasileiro 70% da receita adicional potencial desses 168 bilhões também seja concentrada no primeiro quintil das regiões ordenadas pelo turismo, o impacto médio sobre o PIB desses locais é bastante expressivo, da ordem de 3,5%.
Os Parques Nacionais realmente estão abandonados num contexto de uma agenda de país. O Brasil precisa reconhecer as Unidades de Conservação como o seu maior ativo e priorizar novos mecanismos e recursos aos patrimônios existentes para que o País também se fortaleça como destino turístico. Hoje, nem os brasileiros nem visitantes estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas.
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O Cristo Redentor é uma das sete maravilhas do mundo moderno, um símbolo do Brasil no exterior e a atração turística mais conhecida do Rio de Janeiro. Do alto da Floresta da Tijuca, o que pouca gente sabe é que o Corcovado, onde fica o Cristo, está dentro de uma Unidade de Conservação (UC), o Parque Nacional da Tijuca, referência do potencial turístico dos Parques Nacionais do País, com mais de 2 milhões de visitas por ano.
Com 3.953 hectares de área, o Parque protege fragmentos do bioma Mata Atlântica essenciais para a cidade, sendo responsável pela oferta de diversos serviços ambientais, como a manutenção do manancial hídrico, controle da erosão e redução da poluição atmosférica, além de manter a rica biodiversidade local. Ao mesmo tempo, é um polo de turismo sustentável e uma importante área de lazer.
 O exemplo do Parque Nacional da Tijuca é ainda um ponto fora da curva na realidade dos parques brasileiros. Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura mínima. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram quase R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitas ocorreram somente nos Parques Nacionais da Tijuca e do Iguaçu (PR), sendo este segundo um exemplo emblemático da desvalorização dos nossos parques.
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, é o segundo mais visitado do Brasil e está gravemente ameaçado por um Projeto de Lei (N.º 7.123) em tramitação no Congresso Nacional que busca alterar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para permitir a reabertura de uma antiga estrada que cortava o Parque, fechada em 2003 por decisão judicial. Há ainda os impactos de uma hidroelétrica nos limites desse parque.
Estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon, apresentado em abril na publicação científica Conservation Biology, indica que nas últimas três décadas o Brasil perdeu 5,2 milhões de hectares de florestas nativas que eram protegidas por Lei, área equivalente ao território da Costa Rica.
Com isso, além da perda de patrimônio público, o país desperdiça oportunidades de ativar a economia nacional, fomentar iniciativas para promover o desenvolvimento regional por meio de atividades sustentáveis ou ligadas ao turismo que poderiam gerar mais trabalho e melhorar a distribuição de renda, contribuindo para a inclusão social.
Um ótimo exemplo desse potencial é o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudeste do Estado do Piauí e que recebe turistas de todo o mundo interessados em conhecer sítios arqueológicos que preservam centenas de pinturas rupestres. Quem visita o Parque descobre também uma das melhores infraestruturas do país, fruto do trabalho de quatro décadas da pesquisadora e arqueóloga Niéde Guidon. São mais de 400 km de estradas internas com drenagem, pavimentação nos trechos mais complicados, centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação com passarelas e rampas de acesso, iluminação, sinalização bilíngue e coletores de lixo, entre outros.
O trabalho da doutora Niéde e sua equipe da Fundação Museu do Homem Americano tem revolucionado as teorias de ocupação das Américas, conquistando prêmios e reconhecimento internacionais. Impressionante também o impacto na realidade das comunidades do entorno do parque: escolas de tempo integral foram construídas para atender às crianças da região, incluindo alimentação e tratamento dentário. Técnicas de apicultura e produção de cerâmica foram repassadas aos jovens. As mulheres, que antes dependiam dos maridos, passaram a ocupar vagas nas mais diversas atividades oferecidas pelo Parque.
Na cidade de São Raimundo Nonato, com cerca de 35 mil habitantes, foi construído o “Museu do Homem Americano”, comparável aos melhores do mundo nessa área, o Centro Cultural Sérgio Motta, que conta com laboratórios onde pesquisadores de diversas partes do mundo e moradores locais trabalham e um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, com o primeiro curso público de graduação em arqueologia do Brasil. A notícia ruim é que todas essas conquistas estão hoje ameaçadas pela falta de investimentos públicos, necessários para manter a estrutura implantada.  Um hotel 6 estrelas, nos moldes do que existe na África do Sul, já teve também seu projeto aprovado, mas ainda não saiu do papel pela falta de conclusão de um aeroporto, em obras há mais de 10 anos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo,  o turismo de natureza é o segmento que mais cresce no mundo, entre 15% e 25% no ano. No entanto, o Brasil, potência ambiental com beleza paisagística incrível, pouco aproveita.
Recente pesquisa do Instituto Semeia avaliou o potencial econômico das Unidades de Conservação brasileiras e constatou que o uso turístico dessas áreas poderia gerar uma receita de até R$ 168 bilhões em dez anos. Comparar essa receita com o PIB nacional (R$ 5,2 trilhões) pode, à primeira vista, sugerir que o potencial é pequeno. Trata-se contudo de uma conclusão equivocada. Nos EUA, por exemplo, 70% da visitação está concentrada em 20% dos parques preferidos pelo público. Supondo que no caso brasileiro 70% da receita adicional potencial desses 168 bilhões também seja concentrada no primeiro quintil das regiões ordenadas pelo turismo, o impacto médio sobre o PIB desses locais é bastante expressivo, da ordem de 3,5%.
Os Parques Nacionais realmente estão abandonados num contexto de uma agenda de país. O Brasil precisa reconhecer as Unidades de Conservação como o seu maior ativo e priorizar novos mecanismos e recursos aos patrimônios existentes para que o País também se fortaleça como destino turístico. Hoje, nem os brasileiros nem visitantes estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas.
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O Cristo Redentor é uma das sete maravilhas do mundo moderno, um símbolo do Brasil no exterior e a atração turística mais conhecida do Rio de Janeiro. Do alto da Floresta da Tijuca, o que pouca gente sabe é que o Corcovado, onde fica o Cristo, está dentro de uma Unidade de Conservação (UC), o Parque Nacional da Tijuca, referência do potencial turístico dos Parques Nacionais do País, com mais de 2 milhões de visitas por ano.
Com 3.953 hectares de área, o Parque protege fragmentos do bioma Mata Atlântica essenciais para a cidade, sendo responsável pela oferta de diversos serviços ambientais, como a manutenção do manancial hídrico, controle da erosão e redução da poluição atmosférica, além de manter a rica biodiversidade local. Ao mesmo tempo, é um polo de turismo sustentável e uma importante área de lazer.
 O exemplo do Parque Nacional da Tijuca é ainda um ponto fora da curva na realidade dos parques brasileiros. Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura mínima. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram quase R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitas ocorreram somente nos Parques Nacionais da Tijuca e do Iguaçu (PR), sendo este segundo um exemplo emblemático da desvalorização dos nossos parques.
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, é o segundo mais visitado do Brasil e está gravemente ameaçado por um Projeto de Lei (N.º 7.123) em tramitação no Congresso Nacional que busca alterar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) para permitir a reabertura de uma antiga estrada que cortava o Parque, fechada em 2003 por decisão judicial. Há ainda os impactos de uma hidroelétrica nos limites desse parque.
Estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon, apresentado em abril na publicação científica Conservation Biology, indica que nas últimas três décadas o Brasil perdeu 5,2 milhões de hectares de florestas nativas que eram protegidas por Lei, área equivalente ao território da Costa Rica.
Com isso, além da perda de patrimônio público, o país desperdiça oportunidades de ativar a economia nacional, fomentar iniciativas para promover o desenvolvimento regional por meio de atividades sustentáveis ou ligadas ao turismo que poderiam gerar mais trabalho e melhorar a distribuição de renda, contribuindo para a inclusão social.
Um ótimo exemplo desse potencial é o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudeste do Estado do Piauí e que recebe turistas de todo o mundo interessados em conhecer sítios arqueológicos que preservam centenas de pinturas rupestres. Quem visita o Parque descobre também uma das melhores infraestruturas do país, fruto do trabalho de quatro décadas da pesquisadora e arqueóloga Niéde Guidon. São mais de 400 km de estradas internas com drenagem, pavimentação nos trechos mais complicados, centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação com passarelas e rampas de acesso, iluminação, sinalização bilíngue e coletores de lixo, entre outros.
O trabalho da doutora Niéde e sua equipe da Fundação Museu do Homem Americano tem revolucionado as teorias de ocupação das Américas, conquistando prêmios e reconhecimento internacionais. Impressionante também o impacto na realidade das comunidades do entorno do parque: escolas de tempo integral foram construídas para atender às crianças da região, incluindo alimentação e tratamento dentário. Técnicas de apicultura e produção de cerâmica foram repassadas aos jovens. As mulheres, que antes dependiam dos maridos, passaram a ocupar vagas nas mais diversas atividades oferecidas pelo Parque.
Na cidade de São Raimundo Nonato, com cerca de 35 mil habitantes, foi construído o “Museu do Homem Americano”, comparável aos melhores do mundo nessa área, o Centro Cultural Sérgio Motta, que conta com laboratórios onde pesquisadores de diversas partes do mundo e moradores locais trabalham e um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, com o primeiro curso público de graduação em arqueologia do Brasil. A notícia ruim é que todas essas conquistas estão hoje ameaçadas pela falta de investimentos públicos, necessários para manter a estrutura implantada.  Um hotel 6 estrelas, nos moldes do que existe na África do Sul, já teve também seu projeto aprovado, mas ainda não saiu do papel pela falta de conclusão de um aeroporto, em obras há mais de 10 anos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo,  o turismo de natureza é o segmento que mais cresce no mundo, entre 15% e 25% no ano. No entanto, o Brasil, potência ambiental com beleza paisagística incrível, pouco aproveita.
Recente pesquisa do Instituto Semeia avaliou o potencial econômico das Unidades de Conservação brasileiras e constatou que o uso turístico dessas áreas poderia gerar uma receita de até R$ 168 bilhões em dez anos. Comparar essa receita com o PIB nacional (R$ 5,2 trilhões) pode, à primeira vista, sugerir que o potencial é pequeno. Trata-se contudo de uma conclusão equivocada. Nos EUA, por exemplo, 70% da visitação está concentrada em 20% dos parques preferidos pelo público. Supondo que no caso brasileiro 70% da receita adicional potencial desses 168 bilhões também seja concentrada no primeiro quintil das regiões ordenadas pelo turismo, o impacto médio sobre o PIB desses locais é bastante expressivo, da ordem de 3,5%.
Os Parques Nacionais realmente estão abandonados num contexto de uma agenda de país. O Brasil precisa reconhecer as Unidades de Conservação como o seu maior ativo e priorizar novos mecanismos e recursos aos patrimônios existentes para que o País também se fortaleça como destino turístico. Hoje, nem os brasileiros nem visitantes estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas.
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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

(Já que) fala-se tanto em mobilidade...

... só batendo muito a cabeça...

Quando se pensa na questão do ir e vir, mais do que em termos do direito do cidadão, seja este o residente ou o turista, precisamos reclamar como esse serviço se (nos) apresenta. E a coisa vai mal quando se sabe que a prestadora desta suposta facilidade, quer dizer, do tal recurso (pois um termo como facility, não é condizente em nossa realidade) não ajuda nem no trato da própria força de trabalho para que este  e deste "bem" possamos nos servir adequadamente.
Pois, eis que este é o caso de Sorocaba, onde, a despeito de ser uma das poucas cidades paulistas com razoável extensão de ciclovias, comparativamente às demais localidades brasileiras de mesmo porte, tem essa questão da mobilidade urbana administrada pela Urbes, que precisa aprender primeiro a tratar seus próprios funcionários com mais dignidade. Segue abaixo, o exemplo recente, de uma lição, recebida à contragosto e que o desfecho favorável ao empregado, sirva de exemplo em mais lugarejos tupiniquins.
Ribeirão Preto é outra dessas cidades que precisam aprender muito neste quesito do "o que se quer" para que o deslocamento de pedestres, ciclistas, motociclistas e motorizados de todo tipo não colapse dentro em bem breve. Entregar isto para uma Transerp, que há muito se figura como entidade pseudo pública, eminência tal qual a cor do Pardo de muitas administrações, é a receita para o maior dos desastres. Que dizer de uma prolongada discussão inepta sobre se o sistema a ser adotado para controle de catracas eletrônicas nos parcos coletivos da Ritmo deve ser por reconhecimento digital ou facial... mais da dinheirama mal direcionada...
E, enquanto, isto, Helsinki, na singela Finlândia, anuncia para 2025, a quase desnecessidade de uso do automóvel... também Nova Iorque, para pensar grande de verdade, tem lá suas reflexões... tudo que e é preciso para se tentar  soluções. Algo para ser lido em detalhes nestes dois posts da Archdaily: aqui em Helsinki e aqui em New York

Mas, voltando à nossa realidade brasuca, em Sorocaba...

O Ministério Público do Trabalho divulgou no dia 27 a condenação de multa de R$ 50 mil à Empresa de Desenvolvimento Urbano e Social de Sorocaba (Urbes), por demitir um funcionário por “discriminação estética”. A vítima do caso é o vocalista e baixista da banda Lecher, Juliano Afonso Costa Xavier, que foi impedido de exercer o cargo de agente de trânsito por conta de seus cabelos compridos.
Xavier disse que sofreu com o processo: “É lamentável que eu tivesse de passar por isso dentro da própria administração pública. O que esperar de um governo com essa orientação? Felizmente, a justiça foi feita”
O órgão público também denunciou a existência do regulamento interno da Urbes, que proíbe que agentes usem “adornos, piercings e tatuagens que possam prejudicar a apresentação pessoal, bem como, o uso de brincos no caso de agentes do sexo masculino” ou “apresentar-se ao serviço com costeleta, barbas ou cabelos crescidos, bigode ou unhas desproporcionais”. Devido ao regulamento, a empresa foi condenada por danos morais coletivos e deve destinar os R$ 50 mil em prol da comunidade.
O vocalista diz que quer o seu trabalho de volta: “Compreendo que tenho o direito de voltar mesmo cabeludo e eu quero voltar. Quero ser o amarelinho cabeludo”.
essa notícia, extraída diretamente de onde o headbanging não para: WikiMetal

terça-feira, 24 de junho de 2014

Porque Turismo é Comunicação

Ok, não é pretender que se ignore o clichê da multi/ trans/ interdisciplinaridade do turismo. Este Laboratório, este Labtur, sempre defenderá que sem comunicação não há turismo. Pode haver Geografia. Pode haver Economia. Há quem diga ainda que sem Administração não há nada das anteriores. Mas o ponto não é esse.
Aqui quer se deixar rastros, registros de diferentes formas de se portar como turista e comunicador. Espera-se que, quem ainda não pode apreciar a leitura dos 2 textos a seguir (e quem já pode, releia-os) , vá, inclusive, fazer reflexões de como a comunicação pode influenciar o turismo e como o sujeito enquanto turista, seja num ofício jornalístico ou na interação social que houver, promove essa comunicabilidade caótica, invariavelmente, apenas informação exacerbada travestida de conhecimento.
Que seja, é Copa do Mundo, é Brasil e o que agentes do jornalismo, de dentro e de fora, promovem para quem é local ou para quem é "estrangeiro" e quem turistando em seu próprio país. Estes mesmos, geradores do que vai "virar notícia viral". Não importa de qual lugar, fala-se ao globo: este é o caso da "barrigada" do jornalista (viajandão!) Mario Sergio Conti contada pelo jornalista Flavio Gomes e o outro é pré #nãovaitercopa, a "dedada" do jornalista ("turista"?) Mikkel Jensen em nossas feridas, contada pelo jornalista Igor Natusch.

terça-feira, 27 de maio de 2014

DeFrozen

 O que todos querem no mundo hoje? Aumento de população com recursos ilimitados a nossa disposição, com queima de energia ilimitada para melhorar a qualidade de vida de toda essa população, sem avaliar muito a situação. É assim que estamos nos comportando. Até que uma catástrofe, uma situação-limite provoque uma mudança. Eu não vejo avanço nenhum nos últimos anos.
A entrevista completa com Jefferson Simões, do Programa Antártico Brasileiro para o site da Carta Maior pode ser lida originalmente neste link 

por Marco Aurélio Weissheimer, com destaques e correções de digitação.
Arquivo pessoal

Porto Alegre - A situação do derretimento de gelo no planeta e seus impactos sobre o clima, o meio ambiente e a vida humana são preocupantes. Houve um erro em termos de comunicação social, há alguns anos, ao se passar a ideia de que o mundo iria acabar. Como não acabou imediatamente, parece que está tudo bem. Isso vai custar muito para a humanidade, mas não vem do dia para a noite. O processo de mudanças climáticas no sistema global é gradativo, com aceleração em alguns momentos e aumento de eventos extremos em outros. Não estamos tomando as medidas que precisaríamos tomar e seguimos em frente, até que uma catástrofe, uma situação-limite, provoque uma mudança. A avaliação é do glaciologista brasileiro Jefferson Cardia Simões, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e diretor do Centro Polar Climático da UFRGS.

Em entrevista à Carta Maior, Jefferson Simões, um dos principais pesquisadores do Programa Antártico Brasileiro, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera e delegado nacional no Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) do Conselho Internacional para a Ciência, fala sobre os processos de derretimento de gelo hoje no planeta e suas implicações ambientais, econômicas e mesmo geopolíticas.

No dia 31 de março deste ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) divulgou um relatório afirmando que o impacto o aquecimento global será “grave, abrangente e irreversível”. O documento foi apresentado como sendo a avaliação mais completa já feita sobre o impacto das mudanças climáticas no planeta. Segundo o relatório, até aqui os efeitos dessas mudanças foram sentidos principalmente pela natureza, mas, daqui em diante, o impacto direto sobre a humanidade será cada vez maior, atingindo áreas como saúde, habitação, alimentação e segurança da população. Na entrevista à Carta Maior, concedida em seu gabinete na UFRGS, Jefferson Simões explica qual está sendo a contribuição dos processos de derretimento de gelo neste processo:

 “Existe um cenário factível apresentado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), que é de um aumento do nível do mar de 20 centímetros a um metro até o ano de 2100. O que não sabíamos há dez anos era que a Antártica estava contribuindo mais para esse processo. Por enquanto é pouco, cerca de meio milímetro por ano, mas com possibilidade de ultrapassar um milímetro ou mais ao longo desse século e depois, quem sabe, num evento extremo, contribuir com um metro de elevação”, adverte.

Qual a situação atual do problema do degelo no planeta? O que há de verdade e o que há de desinformação em torno desse tema?

Jefferson Simões: A primeira coisa que é preciso entender é que, no planeta Terra, nós temos dois tipos de gelo: gelo frio e quente. Nós temos o gelo de geleira, formado através de precipitação e que se acumula durante milhares de anos formando geleiras que têm alguns quilômetros quadrados de extensão e formam o grande manto de gelo da Antártica, com 13,6 milhões de quilômetros quadrados, com uma espessura que chega a quase cinco quilômetros de gelo. A média da espessura desse manto de gelo é de 2.100 metros. Esse é o gelo que está em cima do continente antártico. Evidentemente, se ele começa a derreter, a água vai para o oceano e isso vai aumentar o nível do mar. Infelizmente, isso muitas vezes é confundido com outro tipo de gelo que temos no planeta Terra e que nós chamamos de mar congelado. Na literatura antiga brasileira, era chamado de banquisa. Isso nada mais é o mar que, em função da temperatura baixa na superfície do oceano, forma uma película de gelo de um, dois, no máximo cinco metros de espessura. Isso ocorre basicamente em todo o Ártico e também ao redor da Antártica. Esse gelo pode desaparecer completamente. Isso teria implicações climáticas, mas nenhuma implicação quanto ao nível dos oceanos. Muitas vezes, quando se anuncia o derretimento do gelo marinho do Ártico, se confunde isso com o derretimento de gelo da Groenlândia, que também é um manto de gelo.

Nós temos hoje no planeta Terra dois mantos de gelo: o da Antártica, com 13,6 milhões de quilômetros quadrados, e o da Groenlândia, com 1,7 milhões de quilômetros quadrados. Isso representa 96% do volume de gelo do planeta, sendo que 90% desse volume está na Antártica.

Uma das grandes questões na ciência ambiental hoje em dia e também na ciência da glaciologia (que é a ciência da neve e do gelo em todas as suas formas) é: qual é o balanço de massa do gelo existente no planeta em relação às ações e fenômenos ambientais como o aquecimento global. Nós temos um monitoramento de geleiras pequenas nos últimos 140 anos. Há uma bateria de dados muito antigos. Não é verdade que só temos dados dos últimos 30 ou 40 anos, como algumas pessoas dizem. O que sabemos hoje é que aqueles locais onde há gelo perto do ponto de fusão, o que ocorre basicamente em todas as montanhas, nas regiões tropicais e temperadas, o aquecimento observado ao longo do século 20 (0,8 graus centígrados em média, nos últimos 140 anos) já começou a afetar esse gelo. Esse degelo está contribuindo para o aumento do nível do mar. Outra parte que também está contribuindo muito é o sul da Groenlândia. A maior parte hoje do aumento do nível do mar está vindo dessa região e de geleiras na periferia da Antártica. O volume de gelos das montanhas representa apenas 1% do gelo do planeta, portanto sua contribuição para a elevação do nível dos oceanos é menor.

Os cenários elaborados pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change)   têm variado de uma elevação mínima de 20 centímetros, até 2100, chegando a um máximo de um metro, em casos mais dramáticos mas ainda realistas.

O que está acontecendo especificamente no caso da Antártica?

Jefferson Simões: Para responder a essa questão, em primeiro lugar é preciso ter a consciência de que a Antártica é muito grande. Até 1989 nós não tínhamos nem definido a forma precisa desse continente. Começamos a ter as imagens mais completas da Antártica, com fotos de satélites, só início da década de 1990. Só conseguimos começar a medir a variação da espessura do manto de gelo da Antártica nos últimos dez anos com o ingresso em órbita de dois novos satélites de alta precisão. O volume de gelo é muito grande. Estamos falando de 25 ou 26 milhões de quilômetros cúbicos de gelo. Para ter uma ideia mais clara desse número, isso equivale a uma camada de quase três quilômetros de gelo preenchendo por igual todo o território brasileiro. Recentemente, dois novos satélites, o Icesat e o Criosat, começaram a fazer essas medidas sobre a altura o manto de gelo e trouxeram novos dados. Como resultado disso, tivemos nas últimas semanas a publicação de vários artigos revisando as avaliações sobre o comportamento do manto de gelo na região nos últimos anos.

 A Antártica é dividida em três partes. Temos a península Antártica, que é a região mais amena e mais próxima da América do Sul, onde o gelo está perto do ponto de fusão e está derretendo, contribuindo para o aumento do nível do mar. Cerca de 90% das geleiras desta região estão recuando e perdendo massa. Junto com isso há uma série de processos ambientais ocorrendo na região. A água da superfície do oceano está ficando mais fresca e está diminuindo a sua salinidade, começam a aparecer algumas espécies exóticas de gramíneas e liquens. Essa é uma das áreas que mais aqueceu no planeta todo, cerca de 3,1 graus centígrados. Mas todos esses fenômenos não são exatamente novidades. Já sabíamos disso há cerca de vinte anos. O que os artigos mais recentes trazem de novo são os dados do monitoramento realizado pelos satélites Icesat e Criosat sobre a espessura do manto de gelo da Antártica.

Esse manto é dividido em duas partes: ocidental e oriental. O oriental, localizado ao sul dos oceanos Índico e Pacífico, tem aproximadamente 70% do gelo da Antártica. Outros 25% estão no manto de gelo ocidental, localizado ao sul do Atlântico e do Pacífico sudeste. A península tem menos de 3% de todo gelo do continente. O manto de gelo da Antártica oriental é muito frio, com gelo a menos de 60 graus centígrados e chegando a cinco quilômetros de espessura. Esse gelo não derreterá em função de um aquecimento de dois, três ou quatro graus, e não temos evidência nenhuma de que esteja derretendo. Mas o manto de gelo da Antártica ocidental, cujo volume é menor e onde o gelo está a menos dez, vinte ou trinta graus tem uma característica própria: em muitas áreas, a rocha, o substrato onde ele está assentado, está situado abaixo do nível do mar. Além a atmosfera, a água do oceano nesta região está aquecendo, com potencial de lubrificar por baixo plataformas de gelo, fazendo com que elas deslizem e depois recuem em movimentos abruptos, jogando mais gelo no mar.

E esse fenômeno vem aumentando?

Jefferson Simões: Os artigos mais recentes afirmam que essa parte da Antártica está mostrando os primeiros sinais que esse processo já iniciou. Um deles diz que a contribuição atual do degelo na Antártica para o aumento o nível do mar, que é de 0,2 milímetros por ano, pode, em cem anos, aumentar para dez vezes mais. Parece que esse processo já iniciou e até o fim deste século, a região deve estar contribuindo com algo em torno de dez centímetros por século no aumento do nível os oceanos. Outros artigos sustentam que em um período entre dois e nove séculos esse processo pode se acelerar, não por derretimento, mas pela instabilidade dinâmica das geleiras, contribuindo para a elevação de quatro a cinco metros no nível dos mares.

Um aumento de um metro por século seria catastrófico. Existem evidências de que isso já ocorreu em um passado muito distante, no final das idades de gelo, há cerca de 126 mil anos, quando houve um aumento abrupto, em 500 anos, de até cinco metros no nível do mar. Agora, note que em momento algum da nossa conversa aqui eu referi aqueles números absurdos que volta e meia aparecem sobre a elevação do nível dos mares. Eu já ouvi gente falando em 60 ou 70 metros e imagens mostrando o Rio de Janeiro embaixo d’água. Isso não existe, sequer é viável fisicamente. Eu sei de onde saiu esse número. O que as pessoas dizem? Se o gelo da Antártica e da Groenlândia derretesse o nível do mar aumentaria 60 metros. Mas ninguém pergunta se isso é viável fisicamente ou quando é que foi a última vez que algo assim aconteceu. Pois a última vez foi há mais 35 milhões de anos. Há 40 milhões de anos, não havia geleiras no planeta Terra.

O momento que vivemos na história do planeta Terra é raro em termos geológicos. Nós temos glaciação nos dois hemisférios e nas duas regiões polares. Em termos da escala humana, nós evoluímos exatamente neste período, o que é interessante. A evolução dos hominídeos e o assentamento da espécie humana ocorre neste período de muita variação de clima, com idades de gelo e interglaciais que é o que estamos vivendo nos últimos dez mil anos.

Então, existe um cenário factível apresentado pelo IPCC, que é de um aumento do nível do mar de 20 centímetros a um metro até o ano de 2100. O que não sabíamos há dez anos era que a Antártica estava contribuindo mais para esse processo. Por enquanto é pouco, cerca de meio milímetro por ano, mas com possibilidade de ultrapassar um milímetro ou mais ao longo desse século e depois, quem sabe, num evento extremo, contribuir com um metro de elevação.

Além do aumento do nível dos mares, o degelo influi também no processo de mudanças climáticas. Que contribuições o derretimento dá para as mudanças o clima?

Jefferson Simões: O problema não se dá pelo derretimento das geleiras, uma vez que elas derretem na própria região polar e não mudam muito o balanço de energia do planeta. O grande receio aí está no outro gelo. A variação de gelo marinho ao redor da Antártica é a maior variação sazonal conhecida na natureza. O gelo marinho varia de 1,8 (no auge do verão, em fevereiro) a 20 milhões de quilômetros quadrados ( no final do inverno) em cinco ou seis meses. O mesmo processo ocorre no Ártico. Nos últimos trinta anos e, especialmente, na última década, a extensão mínima dele decresceu mais de 50%, caindo de 7 milhões de quilômetros quadrados para algo em torno de 4 milhões de quilômetros quadrados, no auge o verão, que ocorre no final de setembro. Isso muda sim o clima.

 No momento em que se altera a extensão do mar congelado, muda também o balanço de energia, ou seja, mais energia vai sair do oceano para a atmosfera do Ártico, que é uma região mais aquecida que a Antártica. Com isso, diminui a pressão atmosférica entre a região polar ártica e a região temperada, o que implica mudança dos padrões de circulação atmosférica. Então, o Ártico está aquecendo, derretendo gelo, mudando a quantidade de energia que sai do oceano para a atmosfera, e alterando o padrão dos ventos e da circulação. Isso ajuda a entender alguns eventos extremos que estamos presenciando agora, na América do Norte, onde alguns lugares têm ondas de frio e outros têm ondas de calor, na mesma latitude. Isso está claro. Estamos vendo mais eventos extremos na região polar ártica.

Além disso, há outros impactos ambientais. Diminuindo a extensão do gelo marinho, muda a cor do planeta, aumenta o nível de radiação incidindo sobre os micro-organismos que são base da cadeia alimentar o que provoca uma série de outros problemas. Essas mudanças ambientais sempre ocorreram e sempre vão ocorrer, mas elas ocorriam em velocidades menores. O problema da interferência humana é a alteração para mais dessa velocidade.

O derretimento de massas de gelo também provoca efeitos sociais, como ocorre agora na região dos Andes, onde está associado com problemas de abastecimento de água. Como está essa situação nos Andes?

Jefferson Simões: O derretimento de gelo nas regiões montanhosas tem provocado uma série de problemas relacionados com o armazenamento de água. Cerca de 70% da água de La Paz vem de derretimento de gelo. Há um excedente de água no começo em função do derretimento, mas falta um bom armazenamento. É como se fosse uma represa e você começa a perder a represa.

Os países andinos, especialmente Bolívia e Peru, estão muito preocupados e há projetos do Banco Mundial para enfrentar esse problema. Nós estamos com um projeto para mapear várias dessas geleiras. Há um fato interessante aí que é que nós não sabemos ainda quais são as implicações do desaparecimento de parte dessas geleiras para a bacia amazônica. Uma das questões a elucidar diz respeito ao impacto do transporte de sedimentos resultantes do degelo nestas barragens que estão surgindo em Rondônia. Ou seja, estamos começando a associar gelo com Amazônia, o que não chega a ser uma surpresa, pois o sistema todo é indiviso.

No Ártico, que tem uma população de aproximadamente 4 milhões de pessoas, nós já estamos tendo alguns problemas: mudança de modo de vida das populações locais; problemas estruturais em construções por causa do derretimento do solo congelado, conhecido como permafrost. No caso do desaparecimento do gelo do Ártico temos também algumas oportunidades aparecendo, como a possibilidade de diminuir as rotas entre a Europa e o nordeste dos Estados Unidos para a Ásia. Isso significa custos menores no transporte, mas também abre a possibilidade de conflitos. Quem é o proprietário e tem direito de explorar os recursos naturais do Ártico que estão ficando mais acessíveis em função do degelo? A Rússia considera grande parte do Ártico seu território ou, pelo menos, seu quintal. Então, o derretimento do gelo vai afetar questões da economia e da geopolítica mundial.

Além da parte científica, o seu trabalho também tem uma dimensão política que é o acompanhamento das negociações internacionais para enfrentar esses problemas. Como é que você analisa a evolução dessas negociações?

Jefferson Simões: Não está havendo avanço. A grande questão é a seguinte: quem é que vai pagar a conta? Há um custo embutido nas medidas que precisam ser tomadas e, apesar de todo discurso ambientalista em favor da sustentabilidade, nós não mudamos o nosso modo de vida. Tomemos, por exemplo, a própria política do governo brasileiro nos últimos anos de incentivar a produção e comercialização de automóveis sem fazer um esforço semelhante para ampliar o transporte coletivo urbano. Nós vamos ter que reestudar toda a nossa política energética e, talvez, considerar que, em alguns casos, a energia nuclear é uma alternativa menos poluente para enfrentar esse problema mais imediato do aquecimento. O que não significa dizer, obviamente, que ela não tenha problemas. Não podemos mais ter uma visão mágica e acreditar que uma única fonte de energia pode resolver todos os problemas.

O que todos querem no mundo hoje? Aumento de população com recursos ilimitados a nossa disposição, com queima de energia ilimitada para melhorar a qualidade de vida de toda essa população, sem avaliar muito a situação. É assim que estamos nos comportando. Até que uma catástrofe, uma situação-limite provoque uma mudança. Eu não vejo avanço nenhum nos últimos anos. Estamos mais conscientes, de modo geral, o problema ambiental está em todas as agendas, mas em termos práticos não avançamos muito. Em relação a alguns temas, o que podemos fazer é mitigar os problemas e nos adaptar. Precisamos nos preocupar principalmente com o impacto daquelas populações que têm menos condições.

A situação é preocupante. Houve um erro em termos de comunicação social, há alguns anos, ao se passar a ideia de que o mundo iria acabar. Como não acabou, parece que está tudo bem. O processo de mudanças climáticas no sistema global é gradativo, com aceleração em alguns momentos e aumento de eventos extremos em outros. Isso vai custar muito para a humanidade, mas não vem do dia para a noite.

E dentro da comunidade científica esse tema está resolvido? Qual é o peso das correntes dos céticos e negacionistas climáticos?

Jefferson Cardia Simões: Não existe corrente dos céticos. Esse foi um problema gerado pela imprensa, por não entender como é que a ciência funciona. A ciência, em especial as ciências da natureza, funciona por evidências, não por discursos. Em 2008, 2009, tivemos vários meios de comunicação que procuravam dar o mesmo espaço para diferentes opiniões, como se fosse uma questão de discurso. As ciências naturais não funcionam com base em discurso ou na dialética. Hoje, 98% dos artigos científicos e das opiniões dos cientistas tem uma mesma posição bem clara. Há 2% dos artigos que dizem que não é bem assim. E há um grupo de negacionistas, que não são céticos e que escondem ideologias conservadoras ou teorias da conspiração.

Em alguns casos, há lobbies políticos financiando essas opiniões, como ocorre com  setores da extrema-direita norte-americana agrupados no Tea Party e em outros grupos reunidos no Partido Republicano. Esses grupos adotaram uma política há cerca de 25 anos que repete a lógica adotada em relação à indústria do fumo: temos que postergar medidas o máximo possível, pois isso nos dá prejuízo econômico. Daí se nega o que está acontecendo, muitas vezes se nega o próprio racionalismo. A principal crítica da comunidade científica para esses grupos consiste em perguntar: apresentem outra alternativa para o que estamos vendo. Eles não têm.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Turismo no Brasil ao longo da Copa por um jornal de verdade

Essa dica é pra durante, antes e depois da Copa também. Esse é apenas um exemplo rápido: o The Guardian, que fez um guia no final do ano passado ainda, e que, de completo, tem todas as cidades sedes desse que é o evento mais aguardado em muito tempo, em ambos os casos, ou seja, tanto para a exaltação como para a deploração de muitos.
Tanto o trecho inicial do texto original como os links para o conteúdo, "completo" seguem aqui, na matéria entitulada da forma mais evidente, de: The complete travel guide to Brazil´s World Cup cities em que o destaque está por conta das dicas dos próprios correspondentes estrangeiros (neste caso britânicos, na maioria dos casos, se supõe) e que já estiveram nos locais descritos ou inclusive, moram pelas localidades retratadas. Quando não são "gringos", são provavelmente correspondentes locais desse respeitado jornal e/ou parceiros nas empreitadas jornalísticas. Isso confere credibilidade, boas dicas, mesmo nas inevitáveis referências aos "cartões de visita" (pois os "postais" estão em desuso, infelizmente) das cidades e pontos em destaque de experts, sobretudo na escolha do bar com a cerveja mais próxima e restaurantes que possam agradar ao turista estrangeiro.

Ahead of the World Cup 2014 draw, locals and experts from Brazil's 12 host cities give the lowdown on the stadiums, the bars, what to take and where to go in between matches

Rio | Salvador | Recife | Fortaleza | São Paulo | Cuiabá | Belo Horizonte | Brasília | Curitiba | Porto Alegre | Manaus | Natal


quinta-feira, 27 de março de 2014

O "espírito esportivo" de cada um


Aqui vai o roteiro da jornada que a Bola do Espírito do Futebol 2014 toma, desde janeiro, quando foi lançada. Com New Model Army na trilha sonora. Vamos de Beautiful Game.