domingo, 27 de maio de 2018

Rest In Piece: fragments indeed

Talvez estejamos cada vez mais privados de prestar uma simples reverência aos nossos entes queridos, repousados em cemitérios de outra parte da cidade ou até mesmo mais distantes, mais pela questão de inanição da política de mobilidade do que de nossas práticas culturais. Cemitérios precisavam ser mais destinações de culto e de respeito a algum passado mas parece que o gargalo está na nossa cada vez maior restrição em resolver as questões cotidianas presencialmente e adotarmos o relacionamento a distância mais pelas dificuldades impostas nas configurações em que temos opções de meios de transporte, vias e seus custos que da nossa simples vontade de se locomover. Cemitérios e seus enterrados tem esse simbolismo de nos avisar que a parada final é lá mas que não necessarimente tenhamos que estar lá só no derradeiro momento. Um lugar, qualquer lugar para contemplação, da paisagem, das passagens e narrativas que não somente o repositório de nossos mortos. A inação para revertermos nosso direito de ir e vir com mais fluidez e economia como deveria ser tal concessão, é que acabará nos levando mais rapidamente para esse terminal, sem o usufruto enquanto vivos, desse importante ritual de rememorar nossos pedaços de história.

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